Numa rápida busca no Google, fica fácil perceber que o processo de atração e retenção das empresas foi transformado pelo que conhecemos como “fit cultural”. A harmonia entre valores e crenças das pessoas e das empresas passou a ser mais relevante do que a técnica e experiências anteriores.
Nós, que ao trabalharmos vivenciamos a cultura corporativa da empresa em que escolhemos estar, deveríamos nos questionar: “Também me PRE-ocupo com o fit cultural das empresas onde busco por oportunidades?”. “Tenho consciência do tamanho da influência das escolhas de carreira e suas consequências a longo prazo?”
É comum conversarmos com pessoas completamente desapontadas e frustradas por não terem sido aprovadas em determinado processo seletivo. Muitas vezes é nítido que a necessidade de recolocação ou a ânsia por deixar o emprego atual se sobressaem à real vontade de estar em determinada organização.
Hoje em dia as redes sociais nos informam com riqueza de detalhes sobre quais os prós e contras de cada empresa. Também podemos acionar nossa rede de contatos para sabermos quais foram as experiências já vivenciadas por ali e assim, fica possível saber informações bastante relevantes no processo de decisão de onde trabalhar.
A importância que damos à coerência entre os nossos valores e os valores da empresa a quem emprestamos nosso nome se dá porque o trabalho é um marcador de identidade importante na sociedade: o que faço, onde faço, com quem faço.
Logo nos primeiros minutos que nos apresentamos à alguém já contamos o que fazemos, onde e como. Já parou para pensar em quanto isso significa? Pode ser uma empresa, um prestador de serviços, um freela. Estas conexões dizem muito sobre nós.
Enquanto sócias da Veropequi já dissemos alguns “nãos” a clientes que não davam match com nossa forma de trabalhar e se relacionar. Nosso ponto de partida são os valores que não negociamos. Não tem a ver com estar certo ou errado, mas sim sobre o que valorizamos e queremos ter ao nosso lado.
Por isso, cada vez mais a gestão de carreira ganha corpo e atenção. Ficamos (ou deveríamos ficar) atentos porque estas informações formam a construção de nossa identidade a partir do momento que vinculamos nosso nome, valores e experiências à uma pessoa jurídica.
Recebemos diversos sinais de como anda a aderência das atividades e vivências corporativas. Os feedbacks recebidos, o perfil das pessoas promovidas, a forma da liderança se comportar, a qualidade dos relacionamentos com colaboradores e fornecedores e por aí vai.
O trabalho nos leva a conhecer pessoas e lugares que nunca conheceríamos, a influenciar a vida de bastante gente que nos rodeia. Em diferentes níveis, precisa ser uma experiência que soma, agrega e incorpora à vida elementos que nos tornam melhores e mais evoluídos.
Nós, humanos, não temos a nosso favor um sistema operacional que trabalhe através de probabilidades algorítmicas, mas podemos aguçar o olhar para esse match de valores. Valorizar e experienciar se a relação for boa e, não nos demorar se ali não for nosso lugar
Marina Scatena, sócia da Veropequi