Manter uma empresa ativa é colocar de pé e consolidar, todos os dias, inúmeras narrativas claras de como a empresa se comporta, como se comunica, quais práticas endossa e sobretudo, como é possível reconhecer tudo isso pelos corredores. Em muitos ambientes organizacionais sabemos que as contradições dão o tom: assiste-se à promoção de um estilo de fala que não se verifica nas relações de trabalho ou, identifica-se conversas e práticas de valores contraditórios e que se entrechocam com os escritos emoldurados nas paredes. Sabe aquela estória de que a recepção não espelha o que se vive no dia a dia? Ou que as falas sobre a importância da integração proferidas em reunião nunca vêm tomar um café na copa? Sim, ainda persistem. Mas o ambiente mais complicado é aquele que reporta uma cultura do silêncio.
Se não criamos em nossas organizações práticas cotidianas orientadas pelos valores da empresa, estamos criando espaço para que a narrativa seja um coletivo de expectativas e intenções distorcidas. Onde não há presença da cultura da empresa pela omissão ou silêncio, cresce de diferentes formas o ruído e o medo. Por que um colaborador deveria ser genuíno em um ambiente no qual ele tem dúvidas sobre as crenças e valores da empresa? Espaços de confiança são espaços de forte comunicação, clareza e situações exemplares. Mais do que conhecer os valores, os colaboradores precisam vê-los enquanto caminham pelos corredores e circulam pela empresa.
Amy C. Edmondson em seu livro “ a organização sem medo” deixa claro que: “para reforçar um clima de segurança psicológica, é imperativo que os líderes – em todos os níveis – respondam produtivamente aos riscos que as pessoas correm. Respostas produtivas são caracterizadas por três elementos: expressar agradecimento, desestigmatizar falhas e sancionar violações claras”. A cultura organizacional se alimenta das grandes e pequenas ações, dentro e fora da empresa. Ela é viva e se relaciona de muitas formas e com muitos atores. Não há terreno mais inseguro e perigoso para a organização do que o silêncio quanto às crenças, valores e práticas. Esse ambiente pantanoso e desconhecido exigirá dos profissionais artifícios de proteção e minará a energia que todos deveriam usar a favor do negócio e de suas carreiras.
A primeira exigência às empresas para uma cultura positiva é que sejam coerentes com seus valores e que permitam que eles sejam expressos abertamente pelos corredores. Cada vez mais os profissionais direcionarão suas carreiras pela cultura organizacional a que terão acesso, caso façam parte do time. O desenvolvimento e crescimento precisam ser mútuos, claros e perceptíveis. Temos a chance de construir abranger maior produtividade, talentos e possibilidades de carreiras melhores se trabalharmos com cada vez mais coerência a cultura de nossas empresas.
Danielle Moro, sócia da Veropequi